Informação sobre hepatite, causas, sintomas e tratamento da hepatite A, hepatite B, hepatite C, hepatite D e hepatite E, hepatite aguda e crônica.


Hepatites virais

As Hepatites Virais têm grande importância na saúde pública brasileira considerando-se o número de indivíduos  atingidos e a possibilidade de complicações das formas agudas e crônicas. Sua distribuição é universal, mas há grande variação regional na prevalência de cada hepatite.
A Hepatite A  é de transmissão fecal-oral, por contato inter-humano, por meio de água e alimentos contaminados e objetos inanimados, assim, sua disseminação está relacionada com a infra-estrutura de saneamento básico e a aspectos ligados às condições de higiene pessoal. Geralmente a doença é autolimitada, não havendo descrição de cronificação e a hepatite fulminante é complicação rara, ocorrendo em menos de 1% dos casos.  
A infecção pelo vírus da Hepatite B é transmitida por via parenteral e, sobretudo, por via sexual (DST), apresentando cronificação em 5 a 10% dos casos em adultos. Nos casos de transmissão vertical, porém, pode ocorrer cronificação em 70 a 90% das crianças quando a mãe está com o vírus replicante (HBeAg reagente) e 10 a 40% quando não está replicante (AntiHBe reagente). Os indivíduos com infecção crônica são o principal reservatório viral, sendo a fonte de infecção para as outras pessoas, além de apresentar risco de doença  hepática avançada (cirrose, carcinoma hepatocelular) após um período variável de tempo (cerca de 10 a 30 anos). 
Quanto à  Hepatite C, sua transmissão ocorre principalmente por via parenteral, sendo a via sexual possível,  mas pouco frequente (menos de 5% em parceiros estáveis); porém, a coexistência de outras DST, carga viral alta, exposição sexual com múltiplos parceiros sem preservativos, constitui-se um facilitador desta transmissão. Em até 40% dos casos não é possível identificar a via da infecção. A média de infecção entre crianças nascidas de mães HCV positivas é de aproximadamente 6%, sendo que mães com elevada carga viral ou co-infectadas pelo HIV tem maior probabilidade de transmissão vertical. Cerca de 70 a 85% dos casos infectados evoluem para cronificação e 20% desses poderão evoluir para cirrose, em média, após um período de 20 a 30 anos, sendo que esta evolução pode ser acelerada quando associado a alguns fatores de risco, como coinfecção HBV e/ou HIV e ingestão de álcool. Os pacientes com cirrose apresentam um risco de desenvolvimento de carcinoma hepatocelular de 1 a 4% ao ano.
A Hepatite D tem transmissão semelhante à Hepatite B, sendo que o vírus depende do HBsAg para se replicar. É a principal causa de cirrose em áreas endêmicas, porém no Brasil só há descrição na região amazônica ocidental. É considerada co-infecção quando um indivíduo susceptível se infecta simultaneamente pelo HBV e HDV, enquanto é chamada  de superinfecção aquela em que a infecção pelo vírus D ocorre em um portador crônico do HBV. O prognóstico revela-se bem diferente, na superinfecção o índice de cronicidade para o HDV é significativamente maior (~80%) que na co-infecção (3%). 
O vírus da Hepatite E é de transmissão fecal-oral e não apresenta cronificação, porém pode ter formas agudas graves, principalmente em gestantes. 
O tratamento das hepatites B e C é prolongado, sendo feito com imunoestimulantes (interferon) e antivirais.
O objetivo do tratamento é a eliminação do vírus, de modo a reduzir a evolução para cirrose e carcinoma hepatocelular e a redução da transmissão viral. A indicação do tratamento depende da função do fígado, do grau de fibrose hepática e da carga viral, além de outros critérios (coinfecção com HIV, por exemplo). Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de sucesso terapêutico.